No dia 25 de Abril de 1974, Portugal viveu provavelmente o dia mais feliz da sua História do século XX com a Revolução dos Cravos que pôs fim ao regime Ditatorial do Estado Novo dando início à Democracia. Foi protagonizado pelo FMA comandado por Salgueiro Maia, um verdadeiro herói português que nunca mais se ouviu falar. Não me estendo, pois o que resultou daqui não teve a devida continuidade. Seguiu-se o PREC (Processo Revolucionário em Curso) em que entram em cena os partidos políticos e a gente que hoje tão bem conhecemos, poucos com boas intenções, a maioria com muita sede de poder. Os E.U.A. vigiam Portugal devido à expansão do comunismo em clima de Guerra Fria. Em boa medida, seguimos o caminho sem violência.
Portugal tinha em mãos outro grande problema por resolver, o da descolonização. O processo foi mal conduzido, onde Mário Soares teve papel importante. Angola e Moçambique como territórios maiores foram entregues a si próprios e iniciou-se um longo período de guerra, tal não era a sede de poder. A Guiné-Bissau idem. Quanto aos outros pequenos territórios como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, não houve discernimento e também foram entregues de bandeja. Ao contrário da Inglaterra e França que ainda têm territórios por esse mundo fora, o nosso país não foi capaz de o imitar, quando poderiam ter dado autonomia como hoje existe na Madeira e Açores. O longínquo Timor é deixado ao puro abandono. Um Portugal ao seu "melhor" nível. Não podíamos ter entrado de melhor forma nesta nova realidade.
Portugal sofrendo o processo de descolonização em que regressaram a casa os ditos "retornados" continua na sua senda à procura de melhor sorte. Sofrendo desentendimentos constantes e governos sucessivos, há que explicar o problema sob o ponto de vista que importa, a economia. Portugal importava muito mais que aquilo que exportava, o que provocou falta de dinheiro para importar petróleo, cereais e outros produtos vitais para o funcionamento do país. Ninguém nos emprestava dinheiro, havendo então falta de divisas para o Banco de Portugal. O FMI, Fundo Monetário Internacional ao qual Portugal aderiu em 1960, interviu em duas ocasiões, em 1977 e 1983, aplicando várias medidas de austeridade como cortes nos subsídios, subida de impostos, desvalorização do escudo, etc. para resolver o problema. Conversa estranha para os dias de hoje...
Liberdade! Liberdade! Foi este o Portugal que toda a gente desejou? Será que toda a gente tinha o objectivo que eu tenho de ver o meu país um país organizado, próspero, único e destacado dos outros, equiparando-se até com as grandes potências mundiais como outrora o foi? Não, Portugal seguiu um caminho completamente diferente...
Em 1986, Mário Soares colocou-nos no caminho correcto quando aderimos conjuntamente com a Espanha para a CEE. Já com Cavaco Silva como Primeiro Ministro, Portugal recebe os primeiros fundos europeus e esbanje todo esse dinheiro em fundo perdido ao ponto de sabermos hoje que aproveitámos apenas 30% deles. Portugal de um país "orgulhosamente só" passou a ser um país sem vergonha dependente dos outros. A criminalidade aumentou, a grande frota de pescas desapareceu, o Alentejo conhecido como o celeiro de Portugal não existe. Cavaco aniquila o sector primário e o secundário enfraquece, dando boa parte desse dinheiro para acabar com o pouco que já havia. Começam as obras públicas infindáveis. Quem é que não se lembra de Ferreira do Amaral, o Ministro das Obras Públicas que inaugurava um nova obra dia-a-dia?
António Guterres foi bem intencionado, mas depressa saiu aniquilado pela sede de dinheiro e poder do próprio partido. Durão Barroso abandona o país depois de ter dito que nunca o faria. Chegamos ao presente, aos dois mandatos como Primeiro Ministro de José Sócrates, onde nunca se assistiu a um declínio tão rápido, sem vergonha de um país que foi totalmente tomado de assalto pelas máquinas partidárias. Os mesmos problemas de sempre continuam a estar presentes, as Finanças na ruína, uma economia que não existe para sustentar um país que não produz e muito envelhecido. A Educação que primorava outrora, hoje é um mundo medonho e sem futuro. Estão na escola aqueles que não querem aprender e os poucos que aprendem parece nada saberem. Chego ao fim anunciando o título do blog, um "País sem Destino", um país à beira da ruína. Será necessária uma nova revolução? Que venha a 4ª República! Eu desejo-a! No entanto, estará o povo pronto para enfrentar este desafio? Um povo inculto e que vota nesta gente pequena continuadamente é um povo que aceita o estado das coisas como são e gosta delas. Sofreremos muito, disso não há dúvidas e magoa tanto quando sei que tenho que viver este período de tempo e que nunca verei o meu Portugal próspero como tanto sonho...
Outros acontecimentos importantes:
1. 1986 - Adesão de Portugal à CEE
2. 1998 - Inauguração da Ponte Vasco da Gama, a mais longa da Europa com 17,3 Km de comprimento.
2. 1998 - Exposição Mundial dos Oceanos em Lisboa
3. 1999 - Macau, último território português no mundo, passa para a China.
4. 1999 - Adesão de Portugal ao Euro
5. 2004 - Campeonato Europeu de Futebol, onde Portugal foi finalista vencido. Um país que se transformou de alegria e que acreditou que era possível. No fim, perdeu e ainda paga a dura factura dos estádios inúteis.
Resumindo em 3 tópicos, estes foram os nossos 100 anos de História como país Republicano. Em comum, eu encontro um Portugal em sobressalto, um Portugal que nunca se encontrou, mas um Portugal que no período em que toda a gente o viu negro devido ao regime, ditadura, censura e perseguido, um Portugal com identidade, organizado, auto-suficiente e sem dívidas. Não deu o salto quando era necessário. Tudo piorou. Acabando a censura, havendo liberdade de expressão que era o desejo de todos, hoje nem isso podemos dizer a 100% que o tenhamos, e temos sim um Portugal num estado em que D. Afonso Henriques caso estivesse vivo diria, "Tive eu tanto trabalho para isto..."
Atenção que o declinio não começou com o Socrates. Já vinha desde 2000. Este limitou-se a agravar o declinio...lol
ResponderEliminarEu não digo que o declínio começa nele, mas que "nunca se assistiu a um declínio tão rápido" com ele...
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